O afrofuturismo não é apenas uma estética ou uma tendência cultural, mas uma ferramenta poderosa para a construção de futuros em que crianças negras são protagonistas de suas histórias
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O afrofuturismo é um movimento cultural que propõe uma reinterpretação da história e da identidade negra, projetando futuros em que crianças negras são protagonistas de suas próprias narrativas. Ao combinar elementos de ficção científica, arte africana e afro-brasileira, além de filosofias não ocidentais, o afrofuturismo oferece às infâncias negras uma perspectiva empoderadora e positiva, desafiando estereótipos e promovendo o pertencimento.
Em Salvador, o curta-metragem Meu pai e a praia apresenta um cenário onde ferry boats e naves espaciais coexistem, e o jovem protagonista, Kinho, vive experiências que misturam fantasia e realidade. A história aborda temas como ausência paterna, maternidade solo e afeto entre famílias negras, proporcionando uma reflexão sobre a cidade e a identidade cultural.
O escritor e roteirista Marcelo Lima, autor da história em quadrinhos Os Afrofuturistas – o ataque dos Kips, também contribui para essa narrativa, criando personagens como Tereza, Dandara e Cosme, que, com a ajuda de figuras históricas como Maria Felipa e Zumbi dos Palmares, enfrentam criaturas milenares para salvar o pai. Marcelo compartilha que produziu o que gostaria de ter lido enquanto criança preta e nerd nos anos 1990, destacando a importância de representar crianças negras como protagonistas em histórias de aventura e resistência.
A ilustradora Renato Barreto, colaboradora de Marcelo, destaca que o afrofuturismo oferece uma visão inspiradora que ajuda a combater estereótipos, promovendo autoestima e contribuindo para a construção de uma sociedade mais inclusiva e consciente da riqueza cultural afro-brasileira. A série “Os Afrofuturistas” reforça o empoderamento feminino negro, apresentando a mãe dos protagonistas como astronauta em missão fora do planeta, enquanto o pai cuida da família em casa.
A professora Bárbara Carine, da Universidade Federal da Bahia, utiliza a filosofia africana Sankofa para apresentar o afrofuturismo às crianças e aos adolescentes, incentivando-os a ressignificar suas memórias e a se verem como pioneiros de um futuro antirracista. Ela aplica essa abordagem na Maria Felipa, primeira escola afro-brasileira do país, fundada por ela em Salvador, que adota a pedagogia da positivação e descoloniza currículos, ampliando a frase de Ângela Davis: “Não basta não ser racista, sejamos antirracistas”.
Fonte: Portal Lunetas.
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