Cultura

INFÂNCIAS QUE TRANSFORMAM: A IMPORTÂNCIA DAS CRIANÇAS PARA A SOCIEDADE E O FUTURO

A presença infantil vai além do convívio familiar, influenciando comunidades, fortalecendo culturas e ensinando valores essenciais, enquanto nos lembra da responsabilidade coletiva de cuidar, educar e inspirar as próximas gerações.

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As crianças são expressivas em suas emoções e nos provocam a lidar de forma mais honesta e direta com os sentimentos, sem a necessidade de mascará-los ou reprimi-los
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Em um mundo marcado pelo envelhecimento populacional e pela diminuição das taxas de natalidade, o convívio com crianças ganha uma importância ainda maior do que se costuma imaginar. A presença infantil traz vitalidade para os espaços públicos, para as famílias e para as escolas, além de nos devolver a esperança de olhar a vida sob o ângulo da infância. Entre povos indígenas e quilombolas, por exemplo, as crianças são vistas como parte essencial da continuidade cultural e identitária. São elas que absorvem mitos, saberes e modos de vida transmitidos pelos mais velhos, garantindo que a história, a memória e o pertencimento coletivo permaneçam vivos ao longo das gerações. Nesse sentido, a convivência intergeracional não é apenas desejável, mas imprescindível para a construção do bem-viver comunitário.

A filósofa Rafize Santos chama atenção para o risco de uma sociedade que perde a capacidade de enxergar o futuro pelos olhos das crianças. Para ela, a questão fundamental não está no número de filhos que uma mulher decide ter, mas sim em quantas crianças existem ao nosso redor. Se são poucas, é necessário buscar formas de conviver mais de perto com elas, porque o cuidado com a infância deve ser visto como uma responsabilidade coletiva, e não restrito às famílias. Nesse sentido, Santos defende que todos os adultos têm compromissos éticos com as novas gerações, mesmo que não tenham filhos. Isso passa por escolhas políticas, já que votar em representantes que defendem o ódio e a violência significa comprometer o futuro de meninos e meninas; passa também por atuar criticamente diante do ambiente digital, em que grandes empresas disputam a atenção de crianças e adolescentes sem considerar os impactos sociais e emocionais; e ainda se reflete em hábitos de consumo e sustentabilidade, pois cada decisão do presente molda o mundo que será herdado pelas próximas gerações.

Além dessas responsabilidades, é preciso reconhecer que as crianças também têm muito a ensinar. A psicóloga Camille Saraiva destaca que a infância não é apenas uma fase que depende dos adultos, mas um tempo que oferece novas formas de ser e perceber o mundo, convidando-nos a rever nossos próprios limites. Ao conviver com crianças, aprendemos a importância de viver o presente, pois, enquanto os adultos tendem a projetar o futuro e se prender a ansiedades, elas nos lembram da beleza do aqui e agora. Também nos ensinam a nos abrir ao diferente, já que se mostram curiosas e dispostas a explorar, ao contrário de muitos adultos que permanecem em suas bolhas sociais.

Essas transformações que as crianças provocam nos adultos aparecem também na literatura. Obras como O pequeno príncipe e Pinóquio ilustram a capacidade da infância de resgatar sensibilidade, curiosidade e afeto, convidando o leitor a enxergar o mundo de forma renovada. Essa relação também pode ser observada em projetos concretos, como o “Ecoponto na Escola”, realizado em Tocantins, em que crianças e idosos trabalham juntos na coleta de resíduos e na produção de brinquedos com materiais recicláveis. Nesse processo, o entusiasmo infantil inspira criatividade e otimismo nos idosos, enquanto estes oferecem sua sabedoria e sua memória às novas gerações, fortalecendo laços de afeto e troca.

No entanto, os desafios sociais em relação às infâncias são grandes. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) projeta que, em 2030, a taxa de fecundidade no Brasil será de apenas 1,47 filhos por mulher, abaixo da taxa de reposição populacional. Esse encolhimento das famílias levanta questões sobre como garantir que todas as crianças tenham acesso ao cuidado, ao afeto e à proteção necessários, sobretudo em uma sociedade cada vez mais composta de adultos e idosos. Se deixarmos o cuidado com a infância restrito apenas a quem deseja ser pai ou mãe, corremos o risco de negligenciar uma dimensão essencial da vida em comunidade. Para Rafize Santos, assumir o compromisso com a infância é, antes de tudo, assumir uma responsabilidade ética e coletiva.

Promover o bem-estar das crianças, mesmo quando não há laços familiares diretos, é uma condição indispensável para a construção de uma sociedade mais justa, humana e sustentável. Afinal, é no encontro entre gerações que se preservam as culturas, se renovam os afetos e se constroem caminhos de esperança para o futuro.

 

Fonte: Portal Lunetas.

 

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