Para envolver as crianças e favorecer a inclusão, educadores e familiares podem utilizar diferentes estratégias que incentivem a criatividade em crianças autistas
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O brincar é uma das formas mais naturais e poderosas de aprendizagem na infância, assumindo um papel ainda mais significativo para crianças autistas, funcionando como ferramenta essencial para seu desenvolvimento cognitivo, social e emocional. As salas de Educação Infantil oferecem diversas oportunidades de aprendizagem por meio do brincar e podem se tornar espaços inclusivos, nos quais cada criança se sente apoiada em seu crescimento social e criativo. Contudo, promover essa inclusão de maneira efetiva ainda representa um desafio para educadores.
O conceito de “brincar criativo” vai além da mera diversão, valorizando as formas únicas de expressão e interação das crianças e sendo fundamental para o desenvolvimento integral, inclusive daqueles no espectro autista. Atividades como jogos simbólicos, faz de conta e interações mediadas contribuem para a construção de vínculos, a expressão de emoções e o desenvolvimento de habilidades sociais e comunicativas. Para que essas práticas sejam realmente eficazes, devem ser conduzidas de forma lúdica e respeitosa, reconhecendo a criança como protagonista de seu próprio processo de aprendizagem.
Segundo dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos – órgão que no Brasil se assemelha à Fiocruz, pela pesquisa, e à Secretaria de Vigilância em Saúde, pelo foco na prevenção e controle de doenças –, aproximadamente uma em cada 36 crianças é identificada como autista. É importante destacar, porém, que na fase pré-escolar muitas ainda podem não ter recebido um diagnóstico. Na prática, isso significa que professores de Educação Infantil apresentam uma probabilidade estatisticamente significativa de ter pelo menos um aluno autista em suas turmas, reforçando a necessidade de práticas pedagógicas inclusivas e sensíveis às necessidades individuais.
A criatividade na Educação Infantil frequentemente se manifesta por meio do brincar imaginativo, em que as crianças transformam objetos e criam situações diversas. Iniciar a brincadeira a partir dos interesses da criança estabelece uma conexão significativa e favorece a introdução de novos desafios. Brinquedos que estimulam a imaginação não apenas promovem a resolução de problemas, a colaboração e a comunicação, mas também enriquecem as interações sociais.
Embora o brincar imaginativo seja uma forma significativa de expressão criativa, ele não é exclusivo, sendo potencializado por outras atividades que estimulam diferentes formas de pensar e se expressar. É essencial criar ambientes estruturados que favoreçam a exploração e a criatividade, assim como promover interações sociais em grupo, com a mediação de adultos que acompanhem a brincadeira sem intervir de forma excessiva.
Algumas crianças brincam de maneiras que não priorizam interações sociais. Pesquisas indicam que alunos autistas, em particular, podem apresentar desafios na comunicação e na socialização. Em vez de focar o que estaria “faltando” em suas brincadeiras, é mais produtivo valorizar as maneiras singulares com que eles interagem com o mundo. Por exemplo, crianças autistas podem usar a imaginação como ferramenta para compreender o funcionamento das coisas e explorar seu entorno.
O brincar criativo ainda estimula o pensamento crítico, a resolução de problemas, a colaboração, a expressão de sentimentos e o desenvolvimento da independência e da autoconfiança. Assim, revela-se não apenas como uma atividade recreativa, mas como uma poderosa ferramenta de aprendizagem e desenvolvimento integral. Para implementar essas práticas de forma segura e eficaz, é recomendável buscar orientação de profissionais especializados e recursos educativos que promovam métodos inclusivos e respeitosos. Ao adotar práticas que respeitam e incentivam a criatividade das crianças autistas, educadores e familiares desempenham um papel crucial na construção de um ambiente inclusivo e enriquecedor.
Fontes: Edutopia e Porvir.
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