O fortalecimento de políticas inclusivas é essencial para assegurar o direito à educação e diminuir as desigualdades históricas presentes no sistema educacional do país
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A educação inclusiva no Brasil ainda enfrenta grandes desafios, esbarrando em obstáculos persistentes que dificultam a plena integração dos estudantes no sistema educacional. Estudos da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) apontam diferenças significativas na qualidade do ensino entre instituições públicas e privadas. Essa disparidade impacta diretamente os níveis de aprendizagem e o desenvolvimento de competências dos estudantes, com reflexos que vão além da sala de aula, comprometendo o crescimento econômico e atrasando a redução da pobreza no país.
As desigualdades étnico-raciais, sociais e regionais permanecem evidentes e se refletem na exclusão educacional. A origem étnica, por exemplo, continua a ser um fator determinante para o acesso e a permanência na escola, limitando oportunidades para diversos grupos. Entre os mais vulneráveis estão crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social, povos indígenas, afrodescendentes, meninas e mulheres, além de refugiados e imigrantes, que já somam cerca de 1,3 milhão de pessoas no Brasil.
Além desses desafios, a inclusão de pessoas com deficiência e da população idosa demanda atenção especial. Cerca de 17 milhões de brasileiros vivem com algum tipo de deficiência, representando 8,4% da população, enquanto a população idosa, composta de quase 30 milhões de pessoas, corresponde a 14,7% do total. Esses grupos enfrentam barreiras adicionais que dificultam o acesso a direitos básicos e à participação plena na vida social e educacional.
Apesar da existência de legislações que garantem o direito à educação para todos, muitas escolas ainda encontram dificuldades para se reorganizar física, pedagógica e filosoficamente a fim de atender às demandas inclusivas. Um exemplo disso é o atendimento a estudantes com deficiência: embora o número de matrículas tenha aumentado, a qualidade do suporte continua insuficiente. A falta de formação específica para professores, a escassez de recursos pedagógicos adaptados, a resistência cultural e a baixa conscientização sobre a importância da inclusão perpetuam práticas excludentes.
Avanços legais e iniciativas de organismos como a UNESCO demonstram esforços em direção à igualdade de oportunidades, mas a plena inclusão exige mudanças profundas na estrutura das escolas, na formação de professores e na conscientização da sociedade.
Somente com políticas consistentes, valorização da diversidade e investimento em recursos pedagógicos será possível garantir que todos os estudantes, independentemente de sua origem, condição social ou necessidade especial, tenham acesso a uma educação de qualidade e a oportunidades reais de desenvolvimento.
Fontes: UNESCO e Jornal da USP.
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