Antonyel Pacheco em apresentação com sua bandinha mirim
Arquivo pessoal
O professor de música Antonyel Pacheco começou a lecionar no início dos anos 2000, inspirado pela experiência de montar, ainda jovem, a banda Zona Urbana, criada em homenagem à Legião Urbana, com amigos e alunos. Desde então, a música passou a ser parte fundamental de sua vida e de sua forma de ensinar.
Natural de Grajaú, no Maranhão, Antonyel se mudou para São Luís, onde consolidou seu trabalho como educador musical. Ele acredita que a música vai muito além da técnica: é sentimento, percepção, mergulho emocional. Para ele, ensinar exige tanto envolvimento quanto aprendizado, pois a prática musical é uma experiência humana profunda.
Em seu estúdio, que funciona ao lado de sua casa, recebe crianças a partir dos 4 anos, adolescentes, adultos e até idosos – alguns com mais de 70 anos. O professor ressalta que a relação com os alunos é quase familiar: cria laços de confiança e intimidade, fundamentais para que cada estudante se sinta acolhido. Muitos pais, inclusive, também se tornam seus alunos, ampliando essa rede de aprendizado.
Foi dessa convivência que nasceu a famosa “bandinha”, formada por alunos-vizinhos, que ganhou projeção nacional ao interpretar clássicos do rock brasileiro. Durante a pandemia, o projeto ganhou força e se transformou em um fenômeno nas redes sociais. Hoje, o perfil de Antonyel acumula mais de 270 mil seguidores e cerca de 5 milhões de visualizações mensais.
O professor afirma que, mais do que o produto final, o que importa é o processo. Cada ensaio, cada erro e cada conquista são oportunidades de aprendizado e amadurecimento para os alunos.
Ao formar a bandinha, o professor conta que tudo se desenvolveu de forma gradual e tranquila. Cada músico foi guiado para aquilo de que mais gostava, e assim o sonho cultivado por tantos anos se concretizou de um jeito totalmente inesperado: agora junto de seus alunos tão apaixonados pela música quanto ele. E com o apoio e o incentivo de pais participativos.
A tecnologia também se tornou parte fundamental do projeto: com microfones, placas de áudio e softwares de edição, ele não só garante qualidade, mas transforma cada gravação em uma verdadeira aula de produção musical.
Sua metodologia visa à sensação – uma metodologia própria e desenvolvida ao longo dos anos. Nela, não há cadernos nem exercícios mecânicos; tudo é vivido na prática. Os alunos aprendem a perceber e expressar os sentimentos transmitidos pelos sons. Se um acorde parece triste, alegre ou enérgico, como transformar essa sensação em interpretação musical?
Além da sala de aula, Antonyel carrega uma trajetória profissional sólida. Começou a tocar aos 13 anos e já acompanhou artistas renomados, como Alcione e Maria Gadú, além de integrar a Companhia Barrica do Maranhão, com a qual viajou por diversos países em festivais culturais. Curiosamente, foi a música que financiou sua graduação em Direito – embora hoje a advocacia tenha ficado em segundo plano, “adormecida”, como ele próprio define.
Com o sucesso da bandinha, Antonyel sonha em expandir sua metodologia, mas sem perder a essência que o caracteriza: o ensino como experiência humana, natural e afetiva. Para ele, ver os alunos interpretando a música com autenticidade e paixão é a maior recompensa. “Eu sou muito feliz com o meu trabalho”, resume.
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