Rodrigo Canneori, professor e técnico na Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (SEDUC-SP)
Arquivo pessoal
Com mais de catorze anos dedicados à docência, Rodrigo Canneori construiu uma carreira marcada pela diversidade de experiências. Além da sala de aula, assumiu funções de gestão pedagógica na Diretoria de Ensino e na Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (SEDUC-SP). Esse percurso ampliou sua visão sobre a Educação, permitindo que transitasse entre o contato direto com as crianças e a elaboração de políticas públicas. “Essas experiências enriqueceram minha prática e fortaleceram ainda mais meu compromisso com a Educação”, afirma.
O que mais encanta Rodrigo em sua profissão é o olhar curioso da criança. Ele se diz fascinado pela forma como os pequenos constroem hipóteses para explicar o mundo e se surpreendem até com o simples. “Gosto de estar nesse lugar de escuta e mediação, em que posso valorizar suas ideias, apoiar suas explorações e construir com eles caminhos de aprendizagem”, conta. Para ele, esse encantamento também se amplia pela oportunidade de conhecer diferentes culturas familiares que cada criança traz para a escola.
Sua relação com os estudantes é pautada pelo respeito e pela escuta ativa. Rodrigo acredita que cada criança tem um jeito próprio de aprender e de se expressar, por isso busca criar um ambiente de confiança, no qual elas possam perguntar, errar, experimentar e colaborar. “A relação só se fortalece quando o estudante percebe que é visto, ouvido e considerado como sujeito ativo no processo de aprendizagem”, defende.
Em sala de aula, inspira-se em metodologias que valorizam o diálogo e a construção coletiva do conhecimento, especialmente a perspectiva dialética. Para isso, utiliza rodas de conversa, debates, projetos investigativos e atividades em grupo que estimulam a troca de experiências e a problematização da realidade. “O ensino dialético ajuda a desenvolver não apenas o raciocínio crítico, mas também a consciência social, mostrando que aprender é um processo dinâmico, que nasce do encontro entre o saber já existente e as novas descobertas que fazemos juntos.”
Ao escolher temas e metodologias, Rodrigo busca equilibrar as diretrizes curriculares com a participação dos estudantes, mas valoriza também os projetos propostos pela equipe gestora da escola. Para ele, esse alinhamento fortalece o trabalho pedagógico e dá mais sentido ao aprendizado coletivo.
Defensor das metodologias ativas, ele percebe nitidamente a diferença no engajamento das crianças. Enquanto nos métodos tradicionais a aprendizagem tende a ser mais passiva, nas metodologias ativas os estudantes se envolvem de forma espontânea, colaboram com os colegas, levantam hipóteses, exploram materiais e expressam suas ideias por meio de diferentes linguagens. “Esse engajamento mostra que, ao assumir um papel ativo no próprio aprendizado, o estudante se sente mais motivado e conectado com o conteúdo”, observa.
A avaliação, para Rodrigo, é um processo de acompanhamento integral e contínuo, especialmente na Educação Infantil. Mais do que medir resultados, ele procura observar dimensões cognitivas, socioemocionais, culturais e físicas das crianças, registrando suas brincadeiras, interações e produções para compreender o que sabem, sentem e conseguem realizar.
Entre os desafios de sua prática, destaca a diversidade de ritmos e interesses dos estudantes e os imprevistos do cotidiano escolar, como a falta de materiais ou de espaços adequados. Para enfrentá-los, aposta na flexibilidade, ajustando propostas e estratégias de acordo com as respostas da turma, sempre com foco no aprendizado ativo e no desenvolvimento integral.
Sua trajetória não se limita à prática escolar. Rodrigo também participou de projetos de formação continuada em metodologias ativas, o que lhe permitiu aprofundar os fundamentos teóricos dessas práticas, integrando-os às vivências em sala de aula. Essa experiência foi decisiva para sua atuação como técnico na Coordenadoria Pedagógica (COPED/SEDUC). “Minha vivência em sala de aula foi fundamental para compreender as reais necessidades dos professores e das crianças. Isso me ajudou a propor formações, materiais e orientações mais próximos da prática e conectados à realidade escolar”, afirma.
Ao atuar na COPED, sua visão como educador se transformou. Se antes seu foco estava restrito à turma com a qual trabalhava, hoje compreende a importância de olhar para a rede como um todo. “Passei a ter uma visão mais ampla do processo educativo, entendendo a relevância das políticas públicas, das orientações curriculares e da formação continuada. Essa mudança me ajudou a compreender que o trabalho pedagógico é coletivo e que as decisões impactam diretamente o desenvolvimento integral de milhares de estudantes.”
Para o futuro, Rodrigo acredita que o ensino estará cada vez mais marcado pela presença das tecnologias digitais, mas faz um alerta: é preciso equilibrar o uso das telas com experiências sensoriais, motoras e sociais, fundamentais para o desenvolvimento infantil. “O desafio será usar os recursos digitais como ferramentas de aprendizagem significativa, sem substituir a interação humana, o brincar, a exploração do mundo físico e as relações coletivas.”
A trajetória de Rodrigo Canneori revela um educador que enxerga a escola como espaço de diálogo, de construção coletiva e de respeito às diferentes formas de aprender. Um profissional que acredita que a Educação, mais do que transmitir conteúdos, é um projeto de humanidade compartilhada.
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